Primeiro post sobre Cidades Digitais e as dificuldades
enfrentadas para a implementação.
No ano de 2009, surgiu-me a proposta, nas palavras de quem
me pediu (levar internet para a população da zona rural e distrito distante
15Km da sede do município). A primeira visão pensei isso é fácil de fazer já que
tinha todos os pontos da prefeitura já eram interligados através de uma rede
sem fio que cobria toda a cidade e todos os locais onde existia a necessidade
de instalação de internet.
A primeira atitude foi procurar por equipamentos que me dessem
qualidade e ao mesmo tempo tivesse preço acessível (estou falando de trabalho
pra prefeitura economia faz parte do negocio). Foi então que me surgiu a idéia
de utilizar o famoso e assombrado “PC-AP 1“ , foi atrás que hardware
que fosse possível a utilização das placas adequadas para envio de sinal
wireless. Chegado a conclusão de qual hardware utilizar foi a hora de passar
preços para a administração municipal. Pra variar o preço foi declarado como “CARO”,
mas procuraríamos uma solução de destinação de verbas federais para concluirmos
este projeto, para nossa surpresa encontramos aberto no sistema de
cadastramento de projeto do governo federal o “SICONV2”, cadastramos
de imediato o projeto no sistema e iniciamos contatos com deputados e ministros
para saber de datas para liberação da verba, para nossa surpresa não havia a
menor idéia de liberação de recursos para este fim.
Foi a primeira decepção que sofremos, mas resolvemos então
procurar patrocinadores para nosso projeto, foi quando conversamos com uma
cooperativa que utiliza de terras de nosso município para sua produção. Recebemos uma resposta favorável e que seria
levado a próxima assembléia. Então ficamos mais tranqüilos.
Quando em buscas na internet sofremos mais uma rasteira, necessitávamos
de licença da ANATEL para podermos executar nosso projeto. Foi então que entrei
em contato com o técnico responsável pela 1º cidade digital do pais, Sud
Menucci no estado de São Paulo. Que nos passou o contato de uma empresa de Brasília
que havia feito o projeto de liberação junto
a ANATEL. O preço foi um tanto quanto salgado R$ 4000,00. Mas não havia outra
alternativa pagamos e esperamos os prazos (longo prazo) do tramite do processo
na ANATEL.
Dentro de aproximadamente 60, 70 dias estávamos com a licença
em mãos, prontos para iniciar o processo de distribuição da internet.
Mas os equipamentos ainda não haviam chegado, foi quando começamos
a cobranças ao nosso patrocinador, para que liberasse o mais rápido possível os
equipamentos.
Com os equipamentos necessários em mãos poderia colocar o
software que havia desenvolvido a um bom tempo atrás para testes, nos testes o
sistema desenvolvido se demonstrou 100% funcional e estável, não havendo
travamentos nem quedas de desempenho. Portanto podemos iniciar o processo de
instalação dos equipamentos. O primeiro passo foi instalar a torre no alto do morro
para fixar os equipamentos. Com a torre instalada sofremos mais uma queda no
caminho. A energia elétrica para os equipamentos no alto da torre.
Entramos em contato com a Copel (Companhia Paranaense de
Energia Elétrica) para que fosse instalada energia elétrica em nossa torre, nos
moldes de energia elétrica rural (o qual não existe custo de instalação de
postes e medidores) para nossa surpresa nossa torre não se enquadrava nos moldes
desse programa, precisaríamos fazer a instalação particular, fomos fazer um orçamento
com uma empresa da região para nosso grande (muito grande) susto nos pediram R$
24.000,00, a resposta da administração foi curta e objetiva “DE JEITO NENHUM”.
Precisamos de um Plano B (que não existia), depois de muito pensar chegamos a
conclusão de que o mais fácil e barato a se fazer era levar energia elétrica do
sitio vizinho barranco acima, consultei um engenheiro elétrico para saber das
perdas de voltagem elétrica que me informou que na distancia necessária não iria
haver perdas significativas no trajeto, mas necessitávamos colocar postes para
levar esta energia até o alto do morro. Foi ai que tivemos uma boa surpresa a população
se dispôs a fazerem os buracos e buscar os “postes” (de eucalipto que foi
retirados de um aterro sanitário), após árduos 3 dias cavando e levantando
postes morro acima numa distancia de 580m de distancia e subindo 50m
conseguimos levar energia até a torre.
Após este processo foram instalados os equipamentos na torre
e podíamos começar a entregar o sinal.
No próximo post irei continuar essa saga ou briga para
fazermos a cidade digital.
1- PC-AP: Computador normal atuando como Access
Point – ou seja enviando sinal wireless
2-SICONV: Sistema de Convênios do governo
federal;
Nenhum comentário:
Postar um comentário